FONTE José
Cruz
Atletas
pan-americanos foram ao Palácio do Planalto comemorar dez anos de vigência da
Bolsa Atleta. E ajudaram na agenda positiva da presidente Dilma Rousseff,
em momento de baixa popularidade, crise econômica e conturbada relação com o
Congresso Nacional.
Não há
mais amadorismo financeiro no alto rendimento. É negócio de
visibilidade, em que o atleta é fundamental para o faturamento de todos. Não
foi para esses que a Bolsa foi criada
A Bolsa
e a dúvida
A Bolsa
Atleta foi criada para suprir competidores sem dinheiro, pois o que era
destinado ao Comitê Olímpico do Brasil, via Lei Piva, não chegava ao atleta e a
chiadeira era muito grande. Hoje, mesmo com 6.557 bolsistas, o choro
continua. E se tornaram comuns rifas e vaquinhas de atletas para cumprirem
treinamentos e calendários, mesmo com R$ 6 bilhões de verba pública que
financiou o último ciclo olímpico. Quem entende?
Discrepâncias
O
tenista Thomaz Bellucci, 30º do ranking mundial coleciona 514 mil dólares de
prêmios, este ano. Algo em torno de R$ 1,8 milhão! Nada contra Bellucci, mas
ele merece Bolsa com o faturamento que tem? Da mesma forma João Souza, o
Feijão, 85º entre no ranking do mundo, com premiação de R$ 847 mil e Bolsa
Atleta?
Mais
dinheiro
Os
Correios investem R$ 7 milhões em 73 atletas do tênis e da natação. A maioria
já contemplada com premiações e patrocínios particulares. Quem já chegou nesse
nível profissional merece “apoio'' público, diante de milhares de
carências dos que estão iniciando?
A Bolsa
foi criada para os que precisam pagar ônibus até o treino, técnico, comprar
vitaminas ou um melhor equipamento, reforçar a alimentação, enfim. O atleta de
alto rendimento e de nivel internacional já tem suas fontes naturais de
patrocínios particulares, como Bellucci, apoiado pela Embratel. Outros, recebem
prêmios pelos pódios conquistados. No alto rendimento não há mais amadorismo
financeiro. É negócio de visibilidade em que o atleta é fundamental para o
faturamento de todos. A Bolsa não foi criada para esses.
Descontrole
Em uma
década, as fontes de financiamento e os valores do esporte cresceram
assustadoramente e sem controle do Ministério do Esporte, como o Tribunal de
Contas da União já constatou. Mas os resultados dos atletas não são proporcionais
aos bilhões de reais investidos. O atletismo é exemplo triste e recente.
A
propósito…
A campeã
olímpica, Maurren Maggi, também ganha Bolsa Atleta, R$ 3,1 mil mensais. Mas, em
abril, ela declarou, ao vivo, que estava se aposentando. Será
comentarista da Globo nos Jogos Rio 2016. Como o Ministério do Esporte
contempla quem não tem mais pretensões de pódio, principalmente considerando
que um dos requisitos para a Bolsa é “continuar treinando e participando de
competições internacionais”?
Mais
Atletas
suspensos por doping receberam Bolsa Atleta. Eventos de “fundo de quintal”
tiveram a chancela de “internacionais”, só para aumentar o valor da Bolsa, para
contemplados de fachada. O estranho é que o Conselho Nacional do Esporte passa
ao largo dessas denúncias, e a festa continua…
E quem
se sentir prejudicado que vá reclamar para o bispo…
Foto: PR/Roberto
Stuckert Filho
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