Monday, April 14, 2014

Natação sem lesão, mito por água abaixo


Baixo impacto, melhora na capacidade cardiorrespiratória, pernas definidas e braços fortes. Os benefícios são os clássicos apontados por especialistas para recomendar a prática da natação para qualquer pessoa que queira manter uma rotina saudável. A máxima, porém, pode virar armadilha para quem confia que está livre de lesões dentro da piscina. “É uma modalidade pouco lesiva, mas apresenta possíveis riscos quando há treinamento excessivo ou incompatível com o grau de condicionamento físico de quem pratica”, aponta o fisiologista do exercício Renato André Silva. Os ombros, nesses casos, são as principais vítimas de quem dispensa uma rotina moderada e chega ao limite da capacidade física. “Se essa pessoa nadar com intensidade ou velocidade alta demais, acaba se machucando e o ombro é o mais sobrecarregado”, destaca o treinador de natação, André Berezowski. De acordo com o profissional, regular a intensidade e apostar em técnica e orientação são as melhores formas de colher todos os benefícios da modalidade. Errar a pernada do nado de peito, por exemplo, que exige que o atleta mova as pernas com as solas dos pés para fora, é a principal forma de lesionar os joelhos dentro da piscina. “Como não é um movimento muito natural do corpo humano, o movimento que o joelho faz pode acarretar alguma lesão”, alerta Berezowski. Para evitar se machucar, o treinador recomenda um estudo prévio do corpo. “As lesões também podem ocorrer quando a pessoa já chega com algum problema de coluna, torcicolo ou um músculo pouco desenvolvido”, aponta. Treinador de alto rendimento, Hugo Lobo recomenda atenção redobrada antes de começar no esporte. “Existem pessoas com risco cardíaco que não devem fazer natação. Para nadar comigo, são necessários vários testes de saúde. Eletrocardiograma, quantidade de gordura, circunferência abdominal, tudo isso influencia na intensidade de treinos”, ressalta. De acordo com Lobo, embora o impacto do esporte seja baixo, qualquer lesão ou doença grave pode ser fatal. “Tive um grande amigo que morreu nadando. Se alimentou, não deu o tempo necessário para o início da atividade e não resistiu”, recorda.
Doenças assustam os nadadores
Além de investir em treinamentos orientados, sair da água ileso – e em forma – envolve outros fatores. De acordo com o professor Hugo Lobo, o nadador deve estar atento à manutenção da piscina onde pretende treinar. “O cloro evapora e, com isso, as mucosas ficam submetidas a ele. Isso pode levar a irritações na boca, nariz e olhos”, enumera. Quando ocorre o contrário e a piscina tem pouco tratamento contra bactérias, os problemas podem envolver inflamações e infecções como otite ou micoses. A situação é agravada quando o treinamento é pesado demais. “Toda atividade, quando muito duradoura ou muito intensa, ajuda a diminuir a imunidade do corpo e, assim, o atleta fica mais suscetível a infecções”, explica o fisiologista do exercício Renato André Silva.

De acordo com o especialista, doenças no trato respiratório superior – narina, boca e traqueia – também são comuns em quem evita o cloro e opta pela atividade em águas abertas. Isso porque o clima frio, combinado à pouca roupa usada na prática também são fatores que comprometem o sistema imunológico. “O problema não está na água em si, mas no ambiente relacionado à prática da natação, quando as pessoas ficam mais expostas”, explica.
Thaís Cunha - Correio Braziliense

Foto Beatriz Burlamaque

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