Rio de
Janeiro/RJ – A natação brasileira enfrentou este ano um dos maiores
desafios de sua trajetória: participar em três competições de elevado nível
técnico em menos de dois meses. Além de toda a logística necessária para
preparar e deslocar delegações tão grandes, os resultados obtidos superaram as
expectativas, tendo em vista a complexidade das operações. Foram 34 pódios
desde o dia 14 de julho até o último domingo, 30 de agosto, nas últimas três
fortes competições internacionais – Jogos Pan-Americanos, Mundial de Kazan e
Mundial Junior.
FOTO Pan
de Toronto 2015. Foto: Satiro Sodré/CBDA
No Pan
de Toronto foram 26 conquistas (10 ouros, seis pratas e 10 bronzes). Em Kazan
mais quatro (três pratas e um bronze), e em Cingapura, no Mundial Junior, foram
mais quatro medalhas (um ouro; duas pratas e um bronze). Há um ano dos Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro, os resultados começaram a surgir e empolgam. O
planejamento estratégico da Confederação definiu, no início da temporada, que o
Brasil atenderia às três competições. Segundo o gerente de natação e superintendente
executivo da CBDA, Ricardo de Moura, a ideia era preparar ao máximo os
principais nadadores do país para a pressão psicológica e física que acontecerá
o ano que vem.
FOTO Nicholas
Santos, Bruno Fratus, Thiago Pereira e Etiene Medeiros. Foto: Satiro Sodré/CBDA
O 5º
Campeonato Mundial Junior de Natação, disputado em Cingapura, chegou ao fim no
domingo, dia 30/08, mas, para a garotada da delegação brasileira o trabalho
está só começando. Com idades de 14 a 18 anos, os nadadores conquistaram quatro
medalhas para o Brasil. Brandonn ficou com o ouro nos 1500m livre e a prata nos
400m medley. Vinicius Lanza, nos 100m borboleta, também garantiu a prata, e
Felipe Souza, nos 100m livre, conquistou o bronze.
Embora
o time brasileiro sempre tenha conquistado medalhas no Mundial Júnior, esta foi
a melhor campanha desde 2006, ano, que por sugestão do Brasil, a competição
estreou no calendário da FINA. Os 20 nadadores que disputaram em Cingapura
voltam para casa com os objetivos coletivos alcançados. Além das medalhas, o
Brasil ganhou uma nova geração mais experiente e fortalecida. Os quatro pódios
brasileiros vieram em provas olímpicas.
A
preparação de todos agora está voltada para conquistar um lugar no time
olímpico, considerando que as vagas para compor a seleção olímpica ainda estão
abertas, pois as seletivas serão disputadas em dezembro, no Torneio Open, e em
abril do ano que vem, no Troféu Maria Lenk.
Ricardo
de Moura ressaltou a importância da diversidade dos resultados.
-
As medalhas vieram por diferentes atletas, em diferentes provas e todas, do
programa olímpico. Novos valores no esporte não significam novos atletas em
ação, mas novos atletas com resultados expressivos internacionalmente. Faltando
pouco tempo para a Olimpíada, é importante termos estas marcas, não só para
estes atletas buscarem seus espaços, mas também para os demais saberem que têm
mais gente querendo participar e até entrar no lugar deles. Esta
competitividade é essencial para o esporte – explicou.
Há
pouco menos de um ano para os Jogos Olímpicos, nadadores de vários países, que
participaram do evento de juniores estarão no Rio de Janeiro. Não será
diferente com o Brasil. Os resultados e a vivência adquirida nestes eventos
serão determinantes para acirrar, ainda mais, a saudável disputa por vagas na
equipe brasileira olímpica.
Brandonn
Almeida, com 18 anos, já é um dos grandes nomes da natação brasileira. Nesta temporada,
o nadador se consolidou como campeão Pan-Americano dos 400m medley, e agora,
campeão mundial junior dos 1500m livre.
FOTO Brandonn
Almeida. Foto: Satiro Sodré/CBDA
- O
dia seguinte da competição é muito bom. A ficha começa a cair e a sensação
de dever cumprido é ótima. Agora vou ter uma semana de folga, mas a gente nunca
relaxa muito. Meu foco é a preparação para a seletiva olímpica, porque não
quero só participar do Rio 2016, mas sim quero nadar bem nos Jogos Olímpicos e
representar o país com tudo que eu posso fazer. Eu confio muito no trabalho do
grupo que faço parte. Tenho o apoio do meu clube, Confederação e o apoio dos
Correios que hoje me deixam mais tranquilos e me dão suporte para eu só pensar
em fazer o meu melhor – comentou Brandonn Almeida.
O forte
nível da competição de Cingapura também se mostrou importante para o
amadurecimento desta geração. Após o fim do evento, os nadadores redimensionam
seus valores, como controle emocional, aprendendo na prática a montar sempre
uma estratégia adequada, independente de adversários, para alcançar o melhor
desempenho.
-
Tivemos uma excelente estrutura, tanto oferecida pela competição, quanto pela
delegação do Brasil. Os nadadores hoje, mesmo na categoria de base, têm o mesmo
suporte técnico da seleção principal. Esta profissionalização da natação, que
ainda segue em evolução, já nos traz bons resultados. O trabalho é árduo e
começou há muito tempo e, sem o apoio dos Correios, que está há mais de 20 anos
como parceira da natação, nada disto seria possível – comentou Felipe
Domingues, chefe da delegação brasileira junior.
Felipe
Ribeiro Souza, medalhista mundial dos 100m livre, chegou a competição como um
dos favoritos. Em 2013, em Dubai, na edição passada, ele e Brandonn Almeida
estavam entre os mais novos da equipe que viveram o primeiro contato com este
nível de competição.
- Cada
passo que dou com a seleção é importante, assim como os nossos treinamentos
diários no clube. Hoje vejo que tudo é aprendizado e nada vem por acaso.
Treinei muito para conseguir meu melhor resultado aqui. Na decisão, eu não
consegui melhorar meu tempo, mas hoje sou medalhista mundial e quero muito
mais. Sei que posso render mais e vou continuar trabalhando – comentou Felipe
Souza.
O foco
da Natação, assim como das demais modalidades da CBDA, está voltado para os
Jogos Olímpicos 2016. Mas, a instituição tem a responsabilidade de manter todas
as ações programadas estrategicamente para esta temporada. O calendário de 2015
da Confederação conta com 29 campeonatos nacionais e 25 ações internacionais,
em todas as modalidades.
-
Quando chegamos em Cingapura, a seleção tinha o objetivo de melhorar a campanha
feita em 2013 e também, preparar os nossos atletas para encararem os próximos
desafios, em 2016 e nos anos seguintes. Temos que olhar com carinho para os
resultados das meninas, principalmente as mais novas, com idade para disputar a
próxima competição junior. O acompanhamento e monitoração nesta idade faz toda
a diferença – completou Felipe Domingues.
Um dos
atletas que não participou da última edição do evento e nem estava entre os
primeiros tempos do balizamento, mas garantiu a primeira medalha do Brasil, foi
Vinicius Lanza. O nadador conquistou a medalha de prata nos 100m borboleta,
alcançou a final dos 50 metros do mesmo estilo e ficou na quarta posição, com o
revezamento 4x100m medley.
- Se eu
dissesse que cheguei aqui e sabia que ia voltar com uma medalha seria mentira.
Eu sempre acreditei que podia chegar, mas quando começa, é tudo diferente. Os
profissionais que estão aqui me ajudaram muito e agradeço a todos. Se hoje
estou aqui é muito pelo o apoio dos meus treinadores que sempre acreditaram em
mim, muitas vezes até mais que eu. Tenho o sonho de estar nas Olimpíadas e meu
resultado foi muito importante para eu continuar buscando, cada vez mais, este
objetivo – analisou Vinicius Lanza.
CBDA Eliana Alves/ Mariana de Sá/ Souza Santos
Foto:
CBDA/Divulgação
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