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Toda
história tem um começo. O das mulheres brasileiras – e sul-americanas – em
Jogos Olímpicos foi na piscina do Los Angeles Swimming Stadium, em 6 de agosto
de 1932. Aos 17 anos, a paulistana Maria Emma Hulga Lenk disputou a terceira
bateria dos 200m peito.
O tempo
de 3min26s6 não foi suficiente para levá-la à final. Mas para uma jovem que
enfrentou pneumonia dupla na infância, preconceito contra atletas mulheres,
precisou de uniforme emprestado para competir e viajou de favor em um navio do
governo carregado de café, mergulhar no sonho olímpico já era mais que uma
vitória. Era histórico.
O
próximo capítulo olímpico viria exatamente quatro anos e dois dias depois, nos
Jogos de Berlim-1936. Com o mundo sob ameaça nazista, Maria Lenk classificou-se
às semifinais dos mesmos 200m peito, com um tempo quase 10 segundos mais rápido
do que em Los Angeles.
Se a
vaga na final mais uma vez não veio, outra página na história da natação foi
escrita: nadando de um jeito “diferente” o estilo peito, Maria Lenk se tornou a
primeira mulher a usar o nado borboleta, recém-desenvolvido nos EUA, em uma
competição oficial. O nado borboleta só entraria no programa olímpico 20 anos
depois, nos Jogos de Melbourne-1956.
FOTO Getúlio
Vargas cumprimenta Maria Lenk pela quebra do recorde mundial nos 200 e 400m
peito (foto: Gazeta Press)
Fosse o
mundo regido pela paz, o ano de 1940 poderia ficar marcado pela primeira
medalha olímpica conquistada por uma mulher brasileira. Aos 25 anos e no auge
da forma, Maria Lenk havia se tornado a primeira atleta brasileira a bater um
recorde mundial na natação, com 2min56s nos 200m peito, em novembro de 1939.
Ela também era a recordista mundial dos 400m peito. No entanto, a II Guerra
Mundial deflagrada pouco antes destruiu os sonhos olímpicos não só de Maria
Lenk mas dos próprios Jogos, que só voltariam a ser realizados em 1948.
Em
1942, Maria Lenk aposentou-se das competições de alto nível e ajudou a fundar a
primeira escola de educação física do Brasil, na Universidade Federal do Rio de
Janeiro, onde também foi professora e a primeira diretora mulher.
Além
disso, seguiu participando de torneios de masters e nadando literalmente até o
fim da vida. Em 16 de abril de 2007, aos 92 anos, Maria Lenk sofreu uma parada
respiratória enquanto treinava no Rio de Janeiro. Na época, nadava 1,5 km todos
os dias.
foto:
Gazeta Press
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