Os
investimentos governamentais no esporte brasileiro sofrerão uma considerável
queda após a Olimpíada de 2016. Isso, pelo menos, é o que indica a estimativa
para o orçamento do Ministério do Esporte em 2017 enviada pelo próprio governo
federal ao Congresso. Após a bonança relacionada à preparação do país e de
atletas para a Rio-2016, o órgão federal deve perder quase metade de suas
verbas no ano que vem.
O
Orçamento de 2016 colocou à disposição do Ministério do Esporte R$ 1,72 bilhão
durante todo o ano olímpico. Já a proposta do governo para o Orçamento de 2017,
divulgada no final do mês, prevê que o órgão tenha R$ 960 milhões para
administrar em 2017 –ou seja, 44% a menos do que reservado para este ano.
Na
proposta do governo, a redução nos gastos vem principalmente do corte de verbas
destinadas a projetos tocados pelo ministério. Enquanto a verba dedicada para a
comunicação e publicidade do órgão, por exemplo, deve saltar de R$ 14,7 milhões
para R$ 37 milhões (aumento de 152%), o orçamento para o fomento do desporto
comunitário deve cair de R$ 605 milhões para R$ 308 milhões (redução de 49%).
Entre
as verbas destinadas a projetos de esporte de alto rendimento, a redução é
ainda mais drástica. A área teve R$ 914 milhões reservados no Orçamento de
2016. Na proposta para 2017, a intenção do governo é deixar o alto rendimento
com R$ 414 milhões –redução de 55%.
Alguns
dados sobre o orçamento do Ministério do Esporte
Total
de recursos
R$ 1,72 bilhão no Orçamento de 2016
R$ 960 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 44%
R$ 1,72 bilhão no Orçamento de 2016
R$ 960 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 44%
Verba
para desporto de rendimento
R$ 914 milhões no Orçamento de 2016
R$ 414 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 55%
R$ 914 milhões no Orçamento de 2016
R$ 414 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 55%
Verba
para desporte comunitário
R$ 605 milhões no Orçamento de 2016
R$ 308 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 49%
R$ 605 milhões no Orçamento de 2016
R$ 308 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Redução de 49%
Verba
para concessão de Bolsa Atleta
R$ 143 milhões no Orçamento de 2016
R$ 140 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de 2%
R$ 143 milhões no Orçamento de 2016
R$ 140 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de 2%
Verba
para comunicação e publicidade
R$ 14,7 milhões no Orçamento de 2016
R$ 37 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de 152%
R$ 14,7 milhões no Orçamento de 2016
R$ 37 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de 152%
Verba
para administração geral
R$ 129,2 milhões no Orçamento de 2016
R$ 130 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de menos de 1%
R$ 129,2 milhões no Orçamento de 2016
R$ 130 milhões na proposta do Orçamento de 2017
Aumento de menos de 1%
Menos
obras, menos verbas
Os
cortes no orçamento do Ministério do Esporte já haviam sido antecipados pelo
governo. Até o final do mês, entretanto, os valores das reduções não haviam
sido divulgadas. Saíram agora, com a proposta geral para o Orçamento da União.
Segundo
o ministro Leonardo Picciani (PMDB), era natural que a pasta passe a investir
menos já que não tem mais que pagar as grandes obras realizadas de
infraestrutura para as atletas em preparação para a Olimpíada. O ministro vem
afirmando, contudo, que os cortes previstos no Orçamento de 2017 não afetarão
atletas brasileiros.
Procurado
pelo UOL Esporte na segunda-feira (12) para comentar a proposta
orçamentária divulgada pelo governo federal, o Ministério do Esporte enviou uma
nota à reportagem. Destacou que os recursos do Bolsa Atleta seguirá
praticamente inalterado e as verbas discricionárias (com flexibilidade para
aplicação pelo ministério) aumentaram 30% de 2016 para 2017 (Confira a
íntegra do comunicado abaixo).
Preocupação
nas confederações
Nas
confederações esportivas, a previsão de cortes no orçamento do Ministério do
Esporte foi criticada. O presidente da Confederação Brasileira de Canoagem,
João Tomasini, disse que pretende mobilizar colegas dirigentes para mudar o
projeto de Orçamento durante sua discussão no Congresso Nacional.
"Essa
redução de R$ 800 mil no Esporte é negativa. Precisamos trabalhar no Congresso
para mudar isso”, declarou ele, que comanda a modalidade que conquistou
três medalhas para o Brasil na Rio-2016. “O esporte brasileiro não pode sair do
patamar alcançado e voltar atrás.”
Ricardo
de Moura, superintendente executivo da CBDA (Confederação Brasileira de
Desportos Aquáticos), ratificou que a perda de recursos não será positiva, caso
seja confirmada. Ele diz que entidades esportivas brasileiras esperam que o
governo mantenha o esporte em seu planejamento estratégico mesmo após a
Olimpíada do Rio. Para ele, só isso garantirá a evolução do país em
competições.
“Estamos
passando por um momento de apreensão e espera”, afirmou de Moura. “Precisamos
de um sinal sobre importância do esporte para o governo durante a preparação de
atletas no próximo ciclo olímpico.”
Posicionamento
do Ministério do Esporte:
Para
2017, em comparação com 2016, as verbas discricionárias aumentaram 30%. Em
2016, foram R$ 505 milhões e, para o próximo ano, serão R$ 656 milhões. Nos
anos que antecederam a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016,
o orçamento do Ministério do Esporte contemplava investimentos do Governo
Federal necessários para dotar o país de uma moderna infraestrutura esportiva
que possibilitasse a adequada preparação dos atletas e o desenvolvimento das
diferentes modalidades. O governo havia tomado a decisão de ampliar o legado
desse megaevento para todas as regiões do país, e os investimentos em
infraestrutura, que superaram R$ 3 bilhões desde a eleição do Rio de Janeiro,
permitiram a construção de instalações esportivas em vários estados. Entre
eles, o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo (SP), o Centro
Pan-americano de Judô, em Lauro de Freitas (BA), o Centro de Formação Olímpica
do Nordeste, em Fortaleza (CE), o Centro de Canoagem Slalom, em Foz do Iguaçu
(PR), o Centro de Desenvolvimento do Handebol, em São Bernardo do Campo (SP), e
também, nessa cidade, as Arenas Caixa de Atletismo e de Ginástica. Os recursos
também permitiram a aquisição de equipamentos e materiais esportivos de ponta
para a preparação dos nossos atletas.
Os
resultados já alcançados, tanto nos Jogos Olímpicos como nas competições
paralímpicas, em termos de medalhas conquistadas, presença de público e
promoção do esporte em várias modalidades, são importante legado para o país e
o esporte.
A
partir de 2017, a atuação do Ministério, no âmbito do esporte de alto
rendimento, será voltada para a manutenção do apoio às modalidades esportivas,
com foco na gestão das instalações e na constante preparação de atletas. O
Projeto de Lei Orçamentária 2017 prevê recursos para a gestão da Rede Nacional
de Treinamento e para apoiar a participação de atletas em competições nacionais
e internacionais, por exemplo. O Programa Bolsa Atleta, importante política de
estado que apoia mais de 6 mil atletas, mantém praticamente o orçamento do ano
anterior.
Sob o
aspecto da iniciação esportiva, do esporte de inclusão e para o lazer, os
recursos para 2017 foram ampliados, beneficiando a construção de mais de 200
Centros de Iniciação ao Esporte em todo o país, além de apoiar projetos de
inclusão e iniciativa esportiva nas cidades brasileiras.
Foto Governo
recebe atletas antes da Olimpíada; depois, planeja reduzir verba do Ministério
do Esporteimagem: REUTERS/Ueslei Marcelino
Eduardo
Ohata e Vinicius Konchinski
Do UOL,
em São Paulo e no Rio de Janeiro
Publicado
por Francismar Siviero
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