Letícia
Parada Moreira, aluna vencedora na área de saúde do Congresso Brasileiro
de Iniciação Científica – Cobric 2015 utilizou da Técnica Raman, para
analisar a urina de atletas de natação da Unisanta por meio um aparelho chamado
espectômetro. O método é utilizado pela polícia para detectar drogas ou
explosivos em aeroportos e, na medicina, para descobrir tumores.
Pela primeira vez, segundo a estudante, foi empregado no esporte.
Um raio
laser de baixa potência incide na amostra de urina do atleta. A partir da
vibração das moléculas desse material, os marcadores da ureia, da creatinina e
da glicose ali presentes, analisados em computador, indicam o estado físico e
de saúde do atleta. Tudo rápido, não invasivo, o que permite saber se o
treinamento está sendo adequado ou não, ou se há problemas de saúde.
O que
para os leigos pode parecer ficção científica, para os que estudam ciência
trata-se da chamada espectroscopia Raman, técnica de alta resolução descoberta
em 1928 pelo físico indiano Chandrasekhara Venkata Raman, aplicada em
aeroportos para detectar cocaína e explosivos, na área médica para analisar
tumores e fluídos corpóreos, além de ser utilizada em investigações forenses e
até como ferramenta de pesquisa de vida em Marte. Mas até agora, segundo a
estudante, nunca havia sido utilizada na área esportiva.
“Não
encontramos na literatura científica mundial nenhum trabalho desse tipo
aplicado no esporte”, afirma Leticia Parada Moreira, que venceu o Prêmio Milton
Teixeira do COBRIC 2015 na área de saúde. A estudante cursou o oitavo e último
semestre de Educação Física na Unisanta e desenvolveu seu projeto no
Laboratório de Fisiologia do Exercício e Saúde (LAFES) da Universidade.
Em
poucos segundos, a técnica proporciona informação química e estrutural de quase
qualquer material, composto orgânico ou inorgânico.
“Essa
técnica é muito aplicada na área médica e na área química, tanto que existem
trabalhos onde o Raman foi utilizado para detectar tumores no cerebelo, células
cancerígenas na pele, além da polícia federal brasileira utilizá-la para
detectar cocaína em diferentes materiais. Mas na área esportiva não há nenhum
estudo. O nosso trabalho é inédito na literatura em âmbito nacional e
internacional”, afirma Letícia.
Como
funciona
FOTO Gráfico
mostra desempenho do nadador
A
espectroscopia Raman se baseia na análise da luz sobre o objeto analisado,
quanto a sua frequência e intensidade. Trata-se de uma técnica fotônica, que é
a ciência de geração, emissão, transmissão, modulação, processamento,
amplificação e detecção da luz.
Segundo
os acadêmicos esse “é um método padrão ouro, porque permite uma avaliação
não invasiva e imediata, ou seja, não é preciso fazer nenhum tipo de preparo na
amostra, como uma pulverização. “Colocando a amostra na direção do laser do
espectrômetro Raman, a leitura será feita e as informações serão enviadas para
o computador onde serão gerados os espectros, que são gráficos com os picos dos
metabólitos presentes na amostra estudada.
“Então
essa é a grande vantagem, você tem um custo muito baixo, uma tecnologia muito
apurada e os resultados em pouco tempo”.
Ajuda
nos treinos
FOTO Paula
Jardim
O
objeto da análise foi a urina dos nadadores. Foram avaliados no projeto
23 nadadores da equipe principal da Unisanta das categoria Júnior 2 e
Sênior, onde estão campeões nacionais, de renome mundial.
“Para o
esporte, ter uma tecnologia dessa aliada ao treinamento agrega muito. Os
atletas da Unisanta treinam em dois períodos, manhã e tarde. Se você avaliar os
nadadores pela manhã, à tarde você já pode emitir o resultado para o treinador.
E partir do laudo, ele pode ajustar o treinamento no momento”.
Se, por
exemplo, o treinador fosse prescrever um estímulo mais intenso à tarde e ao
analisar o laudo ele observar que um dos atletas apresentou pico de ureia
aumentado, ele já poderá modificar o estímulo imediatamente. A ureia é um
marcador confiável para o catabolismo protéico, explicam os acadêmicos.
Quando
um atleta apresenta pico aumentado desse metabólito, significa que ele está
treinando muito e descansando pouco. Metabólito é o termo utilizado em
Farmacologia e Bioquímica, em especial na farmacocinética, para um produto do
metabolismo de uma determinada molécula ou substância.
Nas
análises feitas na Unisanta em um dos nadadores, ícone da natação brasileira,
campeão olímpico da juventude, campeão sul americano e pan-americano e
diabético tipo 1, não foi constatada aumento de glicema, demonstrando que o
treinamento estava não só melhorando o desempenho físico dele, mas também
preservando a sua saúde. Sobre a creatinina, se o atleta apresentar um pico
aumentado desse marcador significa que ele está com alguma desordem na função
renal, o que acaba prejudicando o desempenho.
Os
alunos foram orientados pela professora de Educação Física Débora Rocco,
doutora pela Faculdade de Medicina da USP e pelo Dr. Alexandre Galvão da Silva.
O espectômetro foi emprestado de uma instituição de ensino (onde é utilizado
para estudos biomédicos), por intermédio do coordenador dos programas de
Mestrado da Unisanta, o Prof. Dr. Marcos Tadeu, engenheiro, com área atual de
interesse em bioengenharia. Ele é um dos maiores expoentes nas pesquisas
com Espectroscopia Raman, responsável pela “ponte” entre o stricto sensu e a
graduação para o desenvolvimento do nosso estudo.
Os
alunos tiveram apoio do técnico de natação Márcio Latuf, da profª. Rosa
do Carmo, diretora do Departamento de Natação, do Prof. Dr. Landulfo, engenheiro
biomédico, do Prof. Ms. João Carlos Teixeira de Souza Barros, diretor da
Faculdade de Educação Física da Unisanta e do coordenador Prof. Nicolau
Teixeira.
Essa
foi minha segunda iniciação científica de Letícia Parada Moreira realizada no
do Laboratório de Fisiologia do Exercício e Saúde – LAFES, da Unisanta.
Pesquisa
continuará
“Concluímos
que a padronização da técnica Raman foi eficiente para creatinina, ureia e
glicose, demonstrando que o treinamento dos atletas estava adequado do ponto de
vista fisiológico. Não há ninguém trabalhando com a Espectroscopia Raman no
desempenho físico humano. Por isso, nós iremos continuar nessa linha de
pesquisa”, afirma Letícia.
“O
atual desafio é desenvolver a padronização de outros marcadores de desempenho
presentes na urina, além dos três que foram alvo da nossa pesquisa. Dessa
forma, podemos ter um quadro do estado fisiológico dos atletas muito mais
preciso. Pretendemos padronizar essa técnica na saliva e no suor para que as
coletas e os tempos de análises sejam mais rápidos ainda”.
Por
Elaine Saboya
IMPRENSA UNISANTA
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