“O
atleta vive mais de derrotas do que de vitórias, só que os melhores atletas são
os que vencem na hora certa. Eu acho que eu estava na hora certa, no lugar
certo, no auge da minha carreira. Eu saí muito feliz!” É assim que Poliana
Okimoto, atleta da Universidade Santa Cecília (Unisanta), define o momento que
está vivendo e a realização de seu maior sonho: a conquista da medalha
olímpica.
Bronze
na prova de Maratona Aquática dos Jogos Olímpicos Rio 2016, Poli (como é
conhecida) foi recebida por dezenas de pessoas, com queima de fogos na entrada
da Unisanta, na manhã de hoje (24).
Em
carro aberto, escolta de carro do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, a
nadadora percorreu as ruas de Santos, partindo do Centro de Treinamento
Meninos da Vila, passando pelo Viaduto, avenida Senador Feijó, avenida Rangel
Pestana, avenida Ana Costa, praça da Independência, praia até chegar à Rua
Oswaldo Cruz. No mesmo carro, sua mãe Cleonice e o técnico e marido, Ricardo
Cintra acompanharam a medalhista.
Por
volta do meio-dia, a atleta foi recepcionada por atletas da equipe de natação
da Unisanta, alunos, professores e funcionários do Complexo Educacional Santa
Cecília, onde recebeu duas homenagens. A Universidade Santa Cecília entregou um
diploma de Honra ao Mérito, e a Confederação Aquática de São Paulo, uma
honraria.
O dia
15 de agosto de 2016, data da prova de Maratonas Aquáticas em Copacabana, ficou
marcado não só na história da atleta Poliana, mas da natação feminina
brasileira. A maratonista aquática foi a primeira nadadora a conquistar uma
medalha olímpica. Mas a história olímpica de Poliana teve início há 16 anos,
quando iniciou o treinamento para seu primeiro ciclo olímpico.
Ao ser
questionada sobre o que pensou ao terminar a prova em quarto lugar, Poliana
respondeu que não se sentiu frustrada. Ela conta também que durante as duas
horas de prova, sabia de sua colocação, e nos metros finais se certificou que
poderia subir ao pódio.
“Quando
faltavam 200, 300 metros, eu sabia que eu tinha chance de medalha e, quando
cheguei em quarto lugar, eu não saí com a sensação de frustração, eu saí bem.
Eu estava tranquila, estava feliz porque eu dei o meu máximo”.
Sobre a
sua preparação para os jogos olímpicos, a atleta classificou como ótima. “Eu
estava treinando muito bem, eu reagi muito bem durante a prova. Por isso, eu
saí com a sensação de dever cumprido”, afirma. Poliana relembra que sabia o
tempo todo qual era a sua colocação. “Eu fiz a melhor prova da minha vida. Eu
estava muito consciente, muito concentrada. Estava muito focada”. Poliana
chegou na quarta colocação, mas conseguiu a medalha após a francesa
Aurelie Muller ser desclassificada.
Sobre a
medalha, a nadadora da Unisanta diz não ter como explicar a sensação de
felicidade e a emoção. “Foram tantos anos de carreira lutando para isso e, na
hora que a medalha vem, passa todo um filme na cabeça, pensando em tanto tempo
de carreira, tanto esforço, tanto obstáculo, cada sapo que engoli, muitas
derrotas que sofri”, diz.
O
técnico e marido de Poliana, Ricardo Cintra, iniciou seu discurso agradecendo o
investimento da Unisanta em um esporte pouco reconhecido, a maratona aquática.
“Gostaria de agradecer à família Santa Cecília pela confiança. Ficamos felizes
da medalha ter vindo para esta instituição, pois é a única do Brasil que
realmente investe nesta modalidade esportiva”.
Para Marcelo
Teixeira, pró-reitor administrativo da Unisanta, a conquista é fruto de um
trabalho e investimento sempre calcado na base e estrutura. “As
consequências inevitáveis são as conquistas e vitórias. Realizamos um trabalho
iniciado nas categorias de base, alicerçado na educação junto com o esporte.
Raríssimas instituições de ensino do Brasil conseguem aliar e conciliar tão bem
como o Santa Cecília faz e com isso conseguimos não só formar atletas, mas
futuros cidadãos”.
Futuro
– Atual vice-líder do circuito mundial de Maratonas Aquáticas, a atleta
conta que está se preparando para as próximas etapas. Desde a prova que
garantiu a medalha olímpica, Poliana não conseguiu treinar. “Semana que vem eu
vou voltar a treinar. Eu estou em uma fase muito boa, a seis pontos da primeira
colocada, e tenho chances de vencer o mundial. Eu vou dar o meu máximo”,
finaliza.
As duas
últimas etapas da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas acontecem nos dias 9 e
15 de outubro, na China. A italiana Rachele Bruni está em primeiro lugar, com
52 pontos, seguida por Poliana, com 46.
Pioneirismo
– A carreira de Poliana Okimoto foi marcado pelo pioneirismo,
entre outras conquistas, a nadadora foi a primeira campeã mundial da história
dos esportes aquáticos feminino do Brasil, em 2009, com recorde de vitórias no
Circuito Mundial com nove ouros das 11 provas disputadas; foi a primeira
medalhista das Maratonas Aquáticas em Jogos Pan-Americanos com duas pratas
(2007 e 2011). Além disso, também foi a primeira nadadora brasileira a ganhar
uma medalha em Campeonatos Mundiais, quando conquistou duas pratas no
Campeonato Mundial de Nápoles 2006.
Poliana
também é detentora de seis medalhas em Campeonatos Mundiais, foi a primeira
campeã mundial da Prova Olímpica dos 10 km, no Mundial de Desportes Aquáticos,
Barcelona 2013, foi eleita melhor nadadora de Maratonas Aquáticas do Mundo em
2009 e 2013 pela Federação Internacional de Natação (FINA) e foi a primeira
brasileira a ganhar três medalhas na mesma edição de um Campeonato Mundial
(ouro nos 10 km, prata nos 5 km e bronze na prova por equipe) no Campeonato
Mundial Barcelona 2013.
A
maratonista também foi eleita a melhor atleta do Brasil pelo Comitê Olímpico
Brasileiro em 2013, a primeira da história dos esportes aquáticos feminino do
Brasil, conquistou mais de 70 títulos brasileiros de natação em piscina (entre
Maria Lenk, Finkell e Open), tem cinco recordes brasileiros, recorde
sul-americano e alguns recordes da categoria que perduram até hoje. Há 20 anos
a atleta representa a seleção brasileira.
Fonte Santaportal
Por
Elizabeth Faria
Publicado
por Francismar Siviero
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