O
Ministério do Esporte interrompeu a negociação de projetos para apoio a atletas
no período posterior à Rio-2016. Em seu primeiro mês à frente do órgão, o
ministro Leonardo Picciani (PMDB) suspendeu um edital de R$ 150 milhões que
visa justamente a garantir que os investimentos governamentais em modalidades
olímpicas tenham continuidade depois do fim dos Jogos deste ano, que começam no
dia 5 de agosto.
O
lançamento do edital foi uma das últimas medidas do governo Dilma
Rousseff na área esportiva. A chamada pública para projetos ligados a
esportes olímpicos foi publicada no Diário Oficial no último dia 11, um dia
antes de o Senado Federal aprovar o afastamento temporário de Dilma.
O
ministro do Esporte da época, Ricardo Leyser, havia declarado dias antes da
divulgação do edital que ele seria fundamental para o legado esportivo da
Olimpíada porque daria continuidade ao investimento governamental em atletas e
confederações esportivas. Apesar disso, o novo ministro Picciani resolveu
reavaliar a chamada pública. Por isso, determinou sua suspensão na quarta-feira
(1º).
A
medida surpreendeu confederações esportivas e revoltou dirigentes. “Como estar
focado numa reta final de preparação olímpica se não sei como minha
confederação vai pagar suas contas daqui a alguns meses?”, questionou Ricardo
de Moura, diretor-executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos
Aquáticos), em tom de indignação. “[A suspensão] sequer foi discutida”, completou.
Antonio
Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da CBAT (Confederação
Brasileira de Atletismo), também reclamou da falta de conversa do governo com
as entidades esportivas. Segundo ele, a suspensão põe em xeque os projetos de
preparação de atletas já para os Jogos Olímpicos de 2020, que acontecerão em
Tóquio. “Fiquei sabendo [da medida] porque saiu no Diário Oficial”, disse. “É
muito preocupante. Começamos a desenhar o projeto pós-olimpíada e queremos no
próximo ciclo um plano fechado para quatro anos”.
Projetos
de até R$ 35 milhões paralisados
Confederações
de atletismo e desportos aquáticos são exemplos de instituições que poderiam se
candidatar para receberem recursos que seriam distribuídos por meio do edital
suspenso. Segundo o edital, R$ 150 milhões estavam reservados no Orçamento
deste ano para atender pedidos das entidades esportivas. Cada uma delas teria
direito de receber até R$ 35 milhões.
Picciani
tomou conhecimento do edital assim que assumiu o Ministério do Esporte, no dia
12. No dia 20, quando visitou o Parque Olímpico da Barra da Tijuca, chegou a
ser questionado sobre a chamada pública. Informou que, a princípio, sua
intenção era mantê-la. Dias depois, entretanto, mudou de ideia.
Procurado
pelo UOL Esporte, o Ministério não deu qualquer indicativo sobre o
relançamento da chamada pública. Em comunicado, o órgão informou que a
suspensão está em “conformidade com a decisão já anunciada pelo ministro
Leonardo Picciani de reavaliar contratos e atos administrativos da pasta”. Ressaltou
também que “a suspensão do edital não afeta a preparação dos atletas para os
Jogos Olímpicos e os Jogos Paraolímpicos Rio 2016”.
O líder
do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), comanda reunião da bancada para
debater a posição sobre do partidoimagem: Alan Marques/Folhapress
Guilherme
Costa e Vinicius Konchinski
Do UOL,
no Rio de Janeiro
Foto Best Swimming
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