O pódio
dos 100 metros borboleta no Rio foi uma farra. Michael Phelps, o sul-africano
Chad Le Clos e o húngaro Laszlo Cseh dividiram a medalha de prata. Foi a
primeira vez na história das olimpíadas. O ouro foi de Joseph Schooling, de
Cingapura – na infância, ele adorava Phelps, com quem tirou uma foto que hoje
roda o mundo. O trio cravou 51s14. O feito chegou a ofuscar o campeão e
produziu muita piada. “Todo mundo quer dividir o pódio com Phelps, e o que
aconteceu hoje foi realmente demais”, disse Cseh, que ao subir no pódio, deu as
mãos para os dois nadadores a seu lado e juntos ergueram os braços. “Acho que
foi ideia do Chad. Foi fantástico, temos uma longa história juntos e foi legal
fazer isso”, concluiu Cseh. O americano perdeu sua primeira prova em águas
cariocas. “Fiz o que pude fazer. Dormi menos de dez horas na noite passada”,
disse. “Foi realmente selvagem. Olhei para um lado e tinha o Chad. Olhei para o
outro e tinha o Laszlo”. E assim foi lá em cima do pódio.
Pódios
são momentos marcantes de qualquer olimpíada, e esse da piscina do Parque
Olímpico da Barra já é indelével. Mas nenhum se compara ao pódio dos 200 metros
rasos do México, em 1968, numa das mais conhecidas imagens do século XX. Tommie
Smith e John Carlos, ouro e prata, ergueram os punhos em nome dos Panteras
Negras. Foram punidos porque o Comitê Olímpico Internacional proíbe política
nas cerimônias. O protesto dos dois negros americanos ofuscou o único
personagem branco daquela cena. Seu nome: Peter Norman, australiano. A
Austrália, naquele tempo, era um país de leis de segregacionismo tão rigorosas
como as da África do Sul. Havia protestos nas ruas contra a mão dura do governo
na defesa de leis discriminatórias que atingiam sobretudo os aborígenes. Smith
e John Carlos perguntaram para Norman, antes do momento seminal, se ele topava
dividir a cena que, anteviam, faria mais barulho que as medalhas. “Sabíamos que
aquilo que íamos fazer era de longe maior do que qualquer feito atlético e ele
disse: ´estou com vocês´´”, recordaria John Carlos. “Esperávamos ver receio nos
olhos de Morman, mas em vez disso vimos amor.”
FONTE
REVISTA VEJA
Por: Fabio
Altman
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