Wednesday, February 12, 2014

Técnica canadense medalhista olímpica ajuda na evolução do nado brasileiro


O nado sincronizado brasileiro começou 2014 a mil por hora com inúmeras ações rumo à sua evolução. Depois de treinos conjuntos com a poderosa seleção da Rússia, multi-campeã olímpica e mundial, no mês de janeiro, a equipe brasileira se prepara para os Jogos Sul-Americanos de Santiago, em março, e para o Torneio Brazil Synchro Open, no Rio de Janeiro, em maio, com a técnica canadense Júlie Sauvé, que fica no Brasil como consultora até o próximo dia 17.
Júlie Sauvé tem um currículo de respeito. Várias vezes técnica medalhista olímpica da modalidade, ela conquistou mais de 100 medalhas internacionais nos 25 anos que trabalhou na seleção canadense, incluindo oito medalhas olímpicas: 2 pratas (Los Angeles/84); 2 ouros (Seul/88); 1 ouro e 1 prata (Barcelona/92); 1 prata (Atlanta/96); e 1 bronze (Sydney/2000). Nas duas últimas olimpíadas – Pequim/2008 e Londres/2012 – ficou em 4º lugar. Júlie já ajudou o Brasil há 16 anos, quando auxiliou a técnica Magali Cremona na preparação para o Mundial de Perth/1998, na Austrália, o primeiro em que a equipe brasileira passou a condição de finalista, o que antes só acontecia com o dueto.
A treinadora canadense fez uma avaliação individual das atletas do Brasil com as técnicas brasileiras (Maura Xavier, Magali Cremona e Gláucia Soutinho). A seguir, ela propôs mudanças nas coreografias e nas formas de treinamento, colocando seu jeito de trabalhar com uma equipe multidisciplinar, com mais intensidade na parte física, pois quer o nado com mais explosão.
- Ela fez uma renovação em nosso treinamento, modificou a musculação, introduziu um material de fisioterapia na piscina, para otimizar o tempo, não ter que fazer tratamento fisioterápico em outro lugar. E trouxe uma linha de coreografias inteiras. Sua paciência é incrível, ouve as opiniões das atletas, buscando ver o pode tirar de melhor do Brasil, se adaptando às nossas características. As rotinas são as mesmas do Mundial de Barcelona, em 2013, mas ela colocou percussão (mix de drums) no “Tico-Tico no Fubá” na coreografia técnica. A Livre (com música cigana), ela ainda não pegou – concluiu Magali.
- O Brasil tem atletas muito boas, que trabalham forte. Tenho tentado desenvolver um pouco a técnica, apresentando diferentes coreografias e músicas e elas estão indo muito bem. E não tenho tido nenhuma dificuldade, pois o jeito brasileiro combina com minha personalidade. É um povo amigo, acolhedor, que ri o tempo todo, o que não acontece no Canadá. Adoro este sol, a praia e venho estudado português.
Júlie Sauvè também participou da escolha das novas integrantes do dueto brasileiro, agora formado por Luisa Borges, de 17 anos, e Giovana Stephan, de 23, ambas do time que foi ao Mundial 2013. Na ocasião, Giovana já fazia o dueto e equipe, enquanto Luisa integrava apenas o conjunto.
- O Brasil tem um novo par para o início da preparação olímpica e é uma dupla excelente, que tem progredido, demonstrado movimentos rápidos, se saem muito bem juntas, utilizam toda a área em movimentos vigorosos, o que passa aos juízes o quão fortes nadadoras, elas são – revelou Júlie sobre o novo dueto brasileiro.
Para Maura, Júlie é muito motivadora, além de simpática e brincalhona.
- Ela gostou muito de nossas alas (movimentos laterais). E deixou a rotina do dueto mais dinâmica, mais redonda, acelerada, preenchendo os espaços. Na rotina técnica (tema Gótico), ela explorou mais as expressões, colocando mais forte o rock. Os biotipos da Giovana e da Luisa, que é ligeiramente mais alta, são parecidos, o que ajudou a terem o tempo de execução e uma das atividades de maior grau de dificuldade, o tempo de giro, bem semelhantes. Agora temos que fortalecer o patamar físico da Luisa, que é mais jovem e com menos tempo de treino em relação à companheira. Ambas são sérias, focadas, conversam muito entre si. Elas têm química – disse Maura Xavier sobre o dueto, que tem Maria Eduarda Micucci, a Duda, como reserva. As atletas também gostaram da treinadora canadense.
- Ela entrou bem na equipe, com facilidade. Houve uma adaptação conjunta, ela conosco e nós para com ela. Estamos adorando esta convivência – disse Luisa Borges, que ao lado de Giovana Stephan, disputará os Jogos da Odesur, no Chile, em que haverá apenas a prova de dueto, entre 13 e 17 de março. Para Luisa, a promoção a titular do dueto foi tranquila devido ao excelente entrosamento com Giovana.
O ‘training camp’ com a canadense começou no parque aquático Maria Lenk em 21 de janeiro e prossegue na próxima semana, de 10 a 17/2, no Júlio de Lamare, complexo esportivo do Maracanã, sempre de 7 ao meio dia.
Seleção Brasileira de Nado Sincronizado em treinamento no RJ
Dueto: Luisa Borges / Giovana Stephan
Equipe: Maria Bruno / Lorena Molinos / Pamela Nogueira / Branca Feres / Beatriz Feres / Maria Clara Lobo / Jessica Noutel / Joseane Costa / Maria Eduarda Miccuci / Juliana Damico / Beatriz Regly / Nina Gruska / Priscila Japiassú / Beatriz Rosselo

Souza Santos

Foto Satiro Sodré


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