Até
Quando? Por Ephicurus
Etiene
Medeiros, principal nadadora brasileira da atualidade, foi o 30º caso de doping
da natação brasileira no século XXI, colocando o Brasil na 2ª colocação entre
os países com mais nadadores dopados do mundo, perdendo apenas para a
China, com 33 casos no mesmo período. A atleta foi flagrada em teste
surpresa que detectou em sua urina a substância fenoterol que, segundo Marco
Aurélio Klein, secretário nacional da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle
de Dopagem), estimula a produção do hormônio eritropoietina e de anabolizantes
e, portanto, está na lista das substâncias proibidas pela WADA/FINA.
Etiene
foi absolvida pela CBDA que não viu dolo ou culpa da atleta no ato. Isso
não significa que a pernambucana nadará no Rio de Janeiro. A palavra
final é da FINA, que ainda não emitiu seu parecer. A assessoria de
imprensa da nadadora afirmou que ela está “tranquila e determinada a esclarecer
o assunto e provar sua inocência. Enquanto isso, ela respeitará todos os
limites impostos pelas autoridades esportivas”.
“Provar
a inocência” é a resposta padrão nos casos de doping brasileiros. Se não
me falha a memória, todos os nossos “dopados” se pronunciaram inocentes.
Ninguém se dopou de propósito! A culpa é sempre do médico, do laboratório
ou da própria ingenuidade do atleta, que mesmo sendo profissional e com todos
os alertas e exemplos anteriores, as vezes esquece que não pode tomar
um remédio sem consultar o médico, outras vezes esquece de comunicar
a CBDA que tomou algum medicamento fora do ordinário. Nossos nadadores
hoje em dia são muito esquecidos…
O que
achei estranho, no entanto, foi o comunicado oficial da CBDA que diz “que
nenhuma culpa ou negligência poderia ser imputada à atleta”. Não vou
entrar no mérito da culpa, pois salve uma confissão da nadadora, me parece
impossível provar, mas como afirmar que a atleta não foi negligente?
Tomar um remédio proibido a poucos meses das Olimpíadas e não avisar os órgãos
competentes me parece pra lá de negligente! Se a culpa não é da atleta,
é de quem?
A CBDA
é sempre rápida em inocentar seus atletas. Me parece exercer um papel
equivocado. Ao invés de criar mecanismos para combater veementemente
a epidemia de doping na nossa natação, faz um papel paternalista,
defendendo com unhas e dentes seus atletas, que no mínimo, são culpados de
negligência. Ou nossos nadadores estão entre os mais trapaceiros do
mundo, ou estão entre os mais negligentes do mundo. Ambas situações
vergonhosas e que requerem um imediato plano de ação. Infelizmente nosso
país vai na direção contrária. Nosso laboratório antidoping foi
descredenciado pela WADA a 42 dias das Olimpíadas, jogando no lixo 180 milhões
gastos pelo estado. O Ministério Público de São Paulo fez acordo de
delação premiada com 10 atletas, nomes não revelados, flagrados no exame
antidoping, para tentar chegar no fornecedor. E ainda aguardamos o nome
dos 31 atletas (não sabemos se existe brasileiros entre eles) desmascarados
somente agora, graças as amostras congeladas nas Olimpíadas de 2008 e 2012.
O que
me entristece é que vejo nossas principais estrelas da natação lutando por
causas políticas ou por mais incentivo financeiro para esportistas de ponta,
mas não vejo ninguém, absolutamente ninguém, criticando quem é pego no doping e
exigindo um maior controle das autoridades responsáveis. No caso Etiene
não vi nenhum pronunciamento de qualquer nadador da seleção brasileira
criticando ou defendendo a nadadora. No caso João Gomes, só pra citar os
últimos dois casos, não li nenhuma crítica, mas vi nadadores olímpicos defendendo
piamente a inocência do nadador. Me parece que entre os nadadores atuais
o doping é uma situação chata, mas aceita. Na minha época, pelo menos, o
dopado era tratado com desdém. Hoje parece ser tratado como vítima, como
se o doping fosse um câncer que o inocente atleta precisa superar e vencer!
A CBDA
não parece estar disposta a combater essa epidemia com diligencia e
claramente não vai fazer isso sem a pressão dos principais atletas e técnicos
brasileiros. Enquanto isso não acontecer, continuaremos brigando com a
Rússia e China pelo pódio dos países com mais casos de doping no mundo.
Haja inocência! Até quando?
Publicado
em 4 de julho de 2016 por Lelo Menezes em Natação.
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