A
Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) está sendo investigada
pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo.
Há sete meses, os investigadores se debruçam sobre balanços, prestações de
contas e dados das empresas prestadoras de serviços da entidade. O material e
as provas colhidas mostram que há fortes indícios de superfaturamento, fraudes
em balanços, falsidade ideológica, apropriação indébita e desvio de recursos
públicos. Um dos casos analisados é a relação entre a CBDA e a agência Roxy
Travel, localizada no Rio de Janeiro. Ela é quem organiza as viagens de todos
os atletas de natação, pólo aquático, maratona aquática e nado sincronizado do
Brasil. Em relatórios enviados ao MPF, técnicos já identificaram preços
cobrados muito acima da tabela. Num dos casos, a CBDA pagou 308% a mais do que
a agência contratou para serviços terceirizados como o aluguel de vans e ônibus.
A agência teria pagado R$ 680 por uma van, e a CBDA deu R$ 2,1 mil pelo mesmo
serviço. O preço final foi três vezes maior do que o inicial. Em relatórios, os
investigadores afirmam terem suspeitas de que o sobrepreço tenha sido desviado.
A Roxy
também trabalha para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Só num mês de 2015,
abril, ela faturou cerca de R$ 650 mil com o COB, segundo as investigações. Em
relatórios, o MPF diz ter suspeitas fundadas de apropriação deste dinheiro.
As
informações contidas nos balanços da entidade também estão sendo averiguadas.
Há muitas divergências, sobretudo nas doações e repasses que teriam sido feitos
às federações estaduais. Num dos casos, a CBDA afirmou ter destinado R$ 127 mil
à Federação de Pernambuco, mas ao ser interrogado, o presidente da mesma, disse
só ter recebido R$ 25 mil.
Até
agora, não se sabe onde foram parar R$ 102 mil que ficaram faltando. Ao MPF, a
CBDA chegou a dizer, num segundo momento, que o valor foi repassado em doações
de materiais esportivos, como medalhas e troféus.
Eventos
cancelados e apropriação de premiação
Um
outro ponto investigado é o cancelamento de campeonatos sem a devida devolução
do dinheiro. Um deles foi a 18ª edição do Mundial Júnior de Pólo Aquático, no
Cazaquistão, ano passado. Em março de 2015, o Ministério do Esporte depositou
na conta da entidade o valor referente à viagem, mas a CBDA decidiu não comprar
as passagens alegando aumento de custos em função da alta do dólar.
O não
repasse da premiação da equipe masculina de pólo aquático também está sendo
alvo da investigação. Atletas e dirigentes já foram chamados a depor para
esclarecer este ponto. O MPF quer entender como foram usados os R$ 66 mil que
deveriam ser destinados (já descontando as taxas) aos jogadores que ficaram em
terceiro lugar na Liga Mundial, na Itália, no ano passado.
Estes
dois pontos foram fundamentais para que se criasse uma Liga Independente na
modalidade, a Polo Aquático Brasil (PAB), que reúne atletas e treinadores dos
principais clubes do país.
O problema
enfrentado pelo ex-nadador Eduardo Fischer também foi juntado ao processo. Em
2004, por intermédio da CBDA, ele negociou um patrocínio com a Prefeitura de
Joinville. Pelas tratativas do então atleta, ele esperava receber R$ 6 mil de
patrocínio, o suficiente para pagar seus treinamentos e preparação para a
Olimpíada de Atenas.
Mas ao
se deparar com o valor da primeira parcela, verificou que a quantia pedida pela
CBDA tinha sido mais que o dobro: R$ 13 mil. Ao questionar a entidade, entre as
explicações ouviu que parte da verba seria destinada a outros atletas, sem que
se dissesse exatamente quais.
"Quando
fui receber a primeira parcela, estranhei. Eu tinha informado que precisava de
um valor e iria receber um muito maior? Era um dinheiro público", disse
Fischer à reportagem.
O
patrocínio acabou cancelado e o então nadador não chegou a receber nenhum
centavo.
Eleições
Há
quase 29 anos a CBDA é dirigida pelo mesmo presidente, Coaracy Nunes. Nas
próximas eleições, lançará candidato a sucessão, Ricardo Moura, atual
superintendente da confederação e um dos autores das explicações dadas às
investigações.
Também
constam dos relatórios em poder do MPF, a soma dos recursos públicos investidos
na CBDA nos dois últimos anos. Somente do Ministério do Esporte, foram R$ 5,3
milhões. Os resultados esportivos na Rio 2016, no entanto, não refletem o
montante.
Não
fosse a medalha de bronze de Poliana Okimoto, na maratona aquática, o vexame
olímpico da confederação do eterno presidente teria sido ainda maior.
A
agência Roxy Travel foi procurada pela reportagem, mas não retornou. O COB
ainda não respondeu sobre o fato de ter sido citado nos relatórios das
investigações.
Veja as
respostas da CBDA:
Jogo
Limpo - A CBDA é acusada de superfaturar (juntamente com a agência ROXY)
compra de passagens aéreas, aluguel de vans e ônibus. O que a confederação
diz a respeito dessas compras? Como é o processo de compras da entidade?
CBDA -
O processo de compras da CBDA segue, em linha de padrão, um processo
licitatório. Portanto, os menores preços são os vencedores.
Segundo
o MPF, a entidade lançou em balanço do ano passado informação falsa em
relação a doações e repasses a federações estaduais. O que a CBDA diz a
respeito?
O
balanço da CBDA é aprovado em Assembleia Geral pelos próprios presidentes das
Federações Estaduais filiadas. Portanto, não há cabimento na acusação. Nossos
balanços são ainda publicados em veículos de grande circulação e estão
disponíveis em nosso site.
Atletas
de pólo aquático acusam em depoimentos ao MPF a entidade de se apropriar
de premiação referente ao terceiro lugar conquistado na Itália. O que
ocorreu?
A FINA
(Federação Internacional da Natação) ao esclarecer o assunto, já deixou claro
que a premiação era da CBDA que dela poderia dispor livremente. Da verba
recebida, grande parte foi retida pela própria FINA para pagamento da inscrição
da equipe na competição e o restante cobriu uma pequena parte dos custos com
hospedagem e alimentação.
Segundo
as investigações, a CBDA se apropriou de verba pública ao não enviar
atletas juvenis para competição no Cazaquistão no ano passado. Qual a
explicação?
Infundado.
O orçamento previsto para a viagem pela Lei de Incentivo era muito menor que o
valor da viagem, o que impossibilitou a participação da equipe naquele torneio.
A verba não utilizada foi devolvida. Vale lembrar que todos os torneios
programados durante todos os anos e épocas foram realizados, inclusive essa
mesma geração havia a pouco tempo realizado várias ações.
O que a
CBDA tem a dizer a respeito do nadador Eduardo Fischer que em depoimento
às autoridades afirma que a entidade se apropriava de parte de seu
patrocínio junto à Prefeitura de Joinville?
Opositor
político da atual gestão. Todos os projetos da CBDA têm seus relatórios
aprovados pelas entidades parceiras. Ao acusador cabe o ônus da prova e a CBDA
não teve acesso a nenhum depoimento. Mas a CBDA tomará as providencias
jurídicas cabíveis em todas as situações de acusação sem fundamento.
*Nota
da reportagem: o nadador não acusou a CBDA de apropriação. Apenas informou que
a lei previa valores acima do que ele havia pedido. A reportagem se equivocou
ao fazer a pergunta à entidade.
Árbitros
de polo aquático acusam a entidade de retaliação pelo fato de os mesmos
terem atuado em competições independentes da modalidade. É fato?
A CBDA
respeita todas as Ligas e não estabelecerá nenhum critério de retaliação nessas
circunstâncias. Não houve nenhum ato ou pronunciamento da CBDA, como
instituição, para punir nenhum árbitro.
A
gestão de Coaracy Nunes é acusada por pessoas ouvidas pela reportagem de
ser antidemocrática e pouco transparente. O que o dirigente diz
a respeito?
O
processo de eleição da CBDA, que é uma associação de natureza privada, é
democrático, e cumpre todas as ações fundamentadas em lei. As ações e
deliberações são sempre apresentadas a tempo e hora e aprovadas em Assembleia.
Nossos balanços são publicados sempre em veículos de grande circulação e
encontram-se disponíveis em nosso site.
Publicado
por Gabriela Moreira, para o ESPN.com.br
ESPN.COM.BR
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