Atletas que também são militares recebem apoio das Forças Armadas para competir
Mayra
Aguiar venceu competição e prestou continência no pódioFoto: Harry How / AFP
A atitude
de alguns atletas brasileiros nos Jogos
Pan-Americanos de Toronto chamaram
a atenção durante a entrega de medalhas, no pódio. Na solenidade, os
esportistas prestaram continência, que é um gesto de saudação militar em sinal
de respeito.
Os
atletas que colocaram a mão na linha da testa em posição de sentido viraram
militares ao longo dos últimos anos. Eles foram aceitos pelas Forças
Armadas para os Jogos Mundiais Militares, em 2011, no Rio de Janeiro.
Atualmente, 610 pessoas fazem parte do quadro de esportistas, sendo 222 da
Marinha, 200 do exército e 188 da Força Aérea Brasileira. Dos 590 atletas que
representam o Brasil no Pan, 123 são militares.
Os
esportistas militares brasileiros afirmam que a continência durante o
hasteamento da bandeira nacional é um agradecimento ao apoio dado pelas Forças
Armadas.
—
Prestar continência para a bandeira é o que eles recomendam e a gente sente
orgulho de fazer. Eles pediram para fazer, mas é uma coisa vem da gente. A
gente ficou na iniciação lá dentro. Pegamos o espírito do militarismo. Isso
ajudou bastante a gente. É um orgulho prestar essa homenagem e lembrando às
pessoas o quanto eles estão nos ajudando com isso — disse a judoca Mayra
Aguiar, terceiro-sargento da Marinha desde 2010 à Folha de
São Paulo.
O Regulamento de Continências,
Honras e Sinais de Respeito do Governo Federal prevê a continência como um
sinal de respeito que deve ser prestado, estando ou não com a cabeça coberta. O
atleta militar Leonardo de Deus, nadador campeão dos 200m estilo borboleta
concorda com a saudação.
— Represento
o Exército brasileiro. Somos ensinados que, sempre que o hino toca, o militar,
por respeito, tem de bater continência e ficar em posição de sentido. É uma
forma de respeito pela minha bandeira e meu país.
Mateus
Machado conquista a prata no levantamento de peso
Os
militares que fizeram o gesto fazem parte do programa de atletas de alto
rendimento dos ministérios da Defesa e do Esporte. De acordo com o Terra, todos recebem treinamento,
locais para capacitação, participação nas competições do Conselho Internacional
do Esporte Militar, salário, 13º, plano de saúde, atendimento médico,
odontológico, fisioterápico, alimentação e alojamento. Para receber o apoio,
segundo a Folha, eles são obrigados a fazerem parte do Exército, Marinha ou
Aeronáutica.
O
Ministério da Defesa se manifestou em apoio ao gesto praticado pelos atletas em
um post no Facebook.
O
Comitê Olímpico do Brasil (Cob) publicou uma nota em seu site na tarde dessa
quarta-feira. Eles afirmam que a continência, quando prestada de forma
espontânea e não obrigatória, "é uma demonstração de patriotismo, sem
qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao
subir no pódio e se saber vencedor".
A
publicação explica que o projeto em parceria com as Forças Armadas se iniciou
em 2009, durante os Jogos Mundiais Militares. O objetivo era "formar uma
equipe de militares capaz de representar com sucesso o anfitrião do
evento". O Cob afirma que buscou inspiração em países como Alemanha,
França, Itália e Hungria e que a aplicação da prática no Brasil gerou um
"indiscutível sucesso".
Confira
a íntegra da nota:
"O
projeto de parceria das Forças Armadas (FA) com o Comitê Olímpico do Brasil
(COB) teve início em 2009. Naquela ocasião, o Brasil fora escolhido para sediar
os V Jogos Mundiais Militares e precisava formar uma equipe de militares capaz
de representar com sucesso o anfitrião do evento. Por outro lado, o COB
entendeu que o apoio das FA seria de grande valia na preparação de nossos
atletas de alto rendimento.
Para
avaliar o desafio, uma equipe do Ministério da Defesa e do COB viajou à Europa
e verificou como isso funcionava em países como Alemanha, França, Itália,
Hungria, etc. A Marinha e o Exército decidiram então publicar editais com as
condições para seleção e admissão dos candidatos. Concretizava-se um sonho
antigo daqueles que acreditavam que o exemplo de outras nações tinha tudo para
dar certo no nosso país. Recentemente, a Força Aérea aderiu ao programa.
Ministério da Defesa, Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil uniram
ações e recursos para que todas as dificuldades fossem superadas.
O
indiscutível sucesso dessa iniciativa se reflete em números altamente
positivos. Os atletas foram criteriosamente selecionados e passaram por
treinamentos duros e períodos de adaptação à nova situação profissional. Hoje,
mais de trezentos deles ganharam direitos e deveres da profissão militar.
Com isso, se sentem ainda mais amparados para se superar a cada dia, em busca
de vitórias que projetam o nome do Brasil. Dezenas de medalhas foram
conquistadas por eles em competições internacionais de diferentes níveis.
Sobre o
assunto que motivou essa introdução:
1 - O
Regulamento de Continências, Honras e Sinais de Respeito prevê que a
"continência é a saudação do militar". É um sinal de respeito que
deve ser prestado, estando ou não com a cabeça coberta. Reza ainda que o
militar da ativa deve, em ocasiões solenes, prestar continência à Bandeira e
Hino Nacional Brasileiro e de países amigos. É bom notar que esses atletas não
são militares apenas quando estão fardados, mas sim, todo o tempo.
2 - O
COB entende, portanto, que a continência, além de regulamentar, quando prestada
de forma espontânea e não obrigatória, é uma demonstração de patriotismo, sem
qualquer conotação política, perfeitamente compatível com a emoção do atleta ao
subir no pódio e se saber vencedor. Segundo muitos deles, representa também um
reconhecimento pelo apoio que recebem das Forças Armadas e uma manifestação do
orgulho que têm em representar o país.
Atenciosamente,
Comitê Olímpico do Brasil"
Comitê Olímpico do Brasil"
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